Tiago 5:12

Tiago 5:12 - Mas, sobretudo, meus irmãos, não jureis, nem pelo céu, nem pela terra, nem façais qualquer outro juramento; mas que a vossa palavra seja sim, sim, e não, não; para que não caiais em condenação.

MAS, SOBRETUDO, MEUS IRMÃOS. Essa expressão usada por Tiago nos fala da severidade de sua exortação, principalmente no que concerne ao valor que os seus leitores devem dar as suas colocações. O fato do escritor chamar seus leitores de meus irmãos, cabe isso em duas situações, primeiro porque ele era judeu, e estava escrevendo para os judeus da dispersão. Depois, ele era cristão, bem como os que se converteram ao cristianismo, e todo cristão é irmão um do outro (João 1:11-12).

NÃO JUREIS. Não se sabe ao certo se o autor estava se utilizando da proibição feita pelo próprio Senhor Jesus, que proibiu aos seus seguidores de fazerem também juramentos (Mateus 5:34). Os judeus eram especialistas neste tipo de artifício para enganar as pessoas, como se tal juramento fosse mais importante do que a questão em si ou a sua própria palavra empenhada. Quem não queria assinar um contrato celebrado entre duas partes, terminava fazendo um juramento como garantia.

NEM PELO CÉU. Mateus 5:34 - Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem pelo céu, porque é o trono de Deus. Os judeus costumavam jurar pelo céu, por Deus, pelo seu trono, pela terra, por Jerusalém ou por qualquer parte do seu próprio corpo. Neste caso, a palavra “céu” usada pelo nosso autor representa o próprio Deus, e o seu trono. Eles agiam desta forma como se Deus fosse obrigado a cumprir alguma coisa dos seus negócios. Quem é o homem para querer mandar em Deus?

NEM PELA TERRA. Mateus 5:35 - Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés. Os judeus quando juravam pela terra é porque eles acreditavam que a mãe natureza iria fazer as devidas providências a fim de que seus negócios dessem certo, e eles pudessem cumprir seus compromissos. Isso era apelar para a própria sorte em uma previsão de que por algum tipo de milagre as coisas acontecessem conforme o previsto. Como que alguém pode dar como garantia “a sorte” em um negócio?

NEM FAÇAIS QUALQUER OUTRO JURAMENTO. Efetivamente, o escritor proíbe todo e qualquer tipo de juramento como garantia de qualquer tipo de negócio. Nesta mesma epístola, o apóstolo combateu a prática dos projetos meramente humanos, como se o homem fosse responsável diretamente pelo seu sucesso, a parte da providência de Deus. O autor também fala da eminente volta de Cristo como se fosse acontecer a qualquer momento, portanto, o certo é viver um dia de cada vez.

MAS QUE A VOSSA PALAVRA SEJA SIM, SIM, E NÃO, NÃO. Ao que tudo indica, o que estava prevalecendo na vida dos leitores de Tiago era justamente a mentira e o engano. As pessoas para tirarem proveito em seus negócios mentiam e enganavam.

PARA QUE NÃO CAIAIS EM CONDENAÇÃO. Como diz um ditado popular: A mentira tem pernas curtas. Entende-se com isso, que mais cedo ou mais tarde a verdade vai aparecer e o engano vai ser desmascarado. Aquele que confessa o nome de Cristo não pode nem deve estar envolvido em enroladas nem mentiras em seus negócios.

Tiago 5:11

Tiago 5:11 - Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso.

EIS QUE TEMOS POR BEM-AVENTURADOS. As Sagradas Escrituras nos transmitem conceitos bem diferentes do mundo sobre os bem-aventurados. Para o homem natural, ser bem-aventurado é ser rico financeiramente, famoso perante a sociedade, poderoso politicamente ou influente perante os mais importantes. Para a palavra de Deus, ser bem-aventurado é ser alguém que faz e executa a vontade de Deus e busca o seu reino em primeiro lugar, porque o resultado disto é a plena felicidade eterna.

OS QUE SOFREM. Jesus falou o seguinte: Mateus 5:10-12 - Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. De forma que, bem-aventurados são os servos de Cristo que sofrem por amor a ele.

OUVISTES QUAL FOI A PACIÊNCIA DE JÓ. Certamente a história de Jó era bem conhecida pelos leitores desta epístola. Como todos sabem, este Jó citado pelo nosso autor diz respeito a uma personagem bíblica que sofreu com resignação e paciência as provações que lhe foram permitidas por Deus. Como ele tinha muita paciência, e a capacidade de suportar sem reclamar os sofrimento, é que ficou sendo conhecido como alguém que sofreu muito, mas não blasfemou do seu Criador, apenas confiou.

E VISTE O FIM. Jó 42:10,12,13 - E o Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor acrescentou, em dobro, a tudo quanto Jó antes possuía. E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro; pois teve catorze mil ovelhas, e seis mil camelos, e mil juntas de bois, e mil jumentas. Também teve sete filhos e três filhas. Sem falar nas convicções profundas de fé que o patriarca Jó terminou adquirindo, por ver que Deus não desampara seus servos.

QUE O SENHOR LHE DEU. Quando a palavra diz: E o Senhor virou o cativeiro de Jó é porque o Senhor estava acompanhando tudo que Jó estava enfrentando, e que no tempo certo, o Senhor se levantou para tirar seu servo daquela situação. Depois ainda diz o texto: E assim abençoou o Senhor o último estado de Jó, mais do que o primeiro. Com isso, podemos afirmar que Deus estava trabalhando em prol do seu servo.

PORQUE O SENHOR É MUITO MISERICORDIOSO. Deus permite determinadas coisas na vida de um servo seu para no momento certo provar o quanto ele é misericordioso. As Santas Escrituras falam sobre as misericórdias do Senhor: Lamentações 3:22 - As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim. Misericórdia é um favor não merecido, mas alcançado.

E PIEDOSO. O Senhor também é muito piedoso. O Senhor exerce sua compaixão na vida dos seus servos com atos de benevolência e bondade. Sua graça nos alcança de tal maneira que a todo o momento estamos sendo beneficiados pelos seus favores.

Tiago 5:9-10

Tiago 5:9-10 - Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros, para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta. Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor.

IRMÃOS, NÃO VOS QUEIXEIS. Um pouco antes, o autor acusava os ricos opressores de levarem os justos aos tribunais com suas demandas para que fossem presos, condenados e muitos dos seguidores de Cristo foram mortos injustamente. Bastavam os problemas que a igreja já vinha atravessando da parte dos inimigos do evangelho. Mas, infelizmente, existiam os falsos irmãos que se infiltravam no seio da igreja para levantar contendas e divisões, colocando um servo de Deus contra o outro.

UNS CONTRA OS OUTROS. Como se não bastassem às perseguições dos judaizantes, dos falsos líderes religiosos e do império romano, percebe-se que a própria comunidade cristã estava em pé de guerra. Certamente o Escritor está se referindo aos embates que os líderes cristãos faziam uns contra os outros na disputa por cargos e posições dentro da própria igreja. Nos dias de hoje é o que mais tem, são justamente estas guerras internas nas denominações, uns querendo derribar os outros.

PARA QUE NÃO SEJAIS CONDENADOS. Temos duas questões neste ponto, uma que nos fala sobre a condenação nos tribunais civis ou religiosos, onde um cristão entrava com demando contra o outro e um deles era condenada pelas autoridades e pela lei. Uma outra questão diz respeito ao procedimento de um cristão contra o outro, coisa que é reprovada pelo evangelho, e isso leva o ofensor a ser reprovado pela justiça divina, o que termina por prejudicar a salvação e a vida eterna do próprio cristão.

EIS QUE O JUIZ ESTÁ À PORTA. Na verdade o autor escreve sobre a vinda de Cristo, que, além de ser para arrebatar os que forem dignos da salvação, também servirá de julgamento, uma vez que, muitos se julgam salvos, porem, não irão participarem do arrebatamento da igreja. O evangelho proclama que o Senhor Jesus é o juiz dos vivos e dos mortos, e isso nos faz entender de que ele foi constituído por Deus Pai como alguém que tem a capacidade de julgar com justiça, as ações de toda a humanidade.

MEUS IRMÃOS. Desde os tempos mais remotos da humanidade que os seres humanos se consideram irmãos, porque encontram um troco comum na arvore genealógica em Adão e Eva. No tocante aos judeus, eles se consideram irmãos por meio de Abraão, Isaque e Jacó. Já os cristãos se consideram irmãos em Cristo Jesus, uma vez que, todos que aceitam a Cristo como Senhor e Salvador são filhos de Deus (João 1:11-12).

TOMAI POR EXEMPLO DE AFLIÇÃO E PACIÊNCIA. O escritor reforça seu conselho para que os seus leitores dediquem suas atividades na prática da paciência, porque o resultado será de fato benéfico para todos eles. As Sagradas Escrituras nos mostram exemplos de pessoas que se exercitaram na paciência e foram vencedoras em tudo.

OS PROFETAS QUE FALARAM EM NOME DO SENHOR. Finalmente o apóstolo cita um grupo de pessoas que viveram na prática a virtude da paciência, e que nos servem de testemunho como servos do Deus Altíssimo. Os profetas do Senhor pregaram a palavra de Deus com paciência, apesar das oposições que sempre se levantaram contra eles.

Tiago 5:8

Tiago 5:8 - Sede vós também pacientes, fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima.

SEDE VÓS TAMBÉM. No texto anterior o escritor pede que os irmãos observem o exemplo do agricultor que segue as etapas desde a preparação do terreno, a espera pela chuva temporã, a plantação, a limpeza das ervas daninhas, a espera da chuva serôdia e por fim a colheita e o armazenamento dos frutos do seu trabalho. Da mesma forma devem os irmãos ter a mesma paciência diante das provações a fim de aguardarem o retorno de Cristo Jesus, ele que prometeu vir buscar os remidos.

PACIENTES. Nos tempos da igreja primitiva, não era nada fácil servir a Cristo e ao seu reino, porque em muitos casos, era motivo de ter os bens confiscados pelo governo, ser duramente perseguido, ser levado aos tribunais civis e religiosos, e em grande parte perder a própria vida por amor a Cristo e seguir o evangelho das boas novas. Eis a razão porque o escritor pede que os irmãos fossem pacientes diante dos acontecimentos para não negarem o nome de Cristo e com isso perderem a salvação.

FORTALECEI. Os prejuízos financeiros e sociais causados, naquela época, por ser um seguidor do Senhor Jesus, diante das perseguições feitas pelos inimigos do evangelho, muitas vezes causavam um desânimo exponencial em grande parte dos cristãos. Mas, tudo isso, não devia ser motivo de desistir da caminhada, pelo contrário, essa era uma prova de que, o discípulo estava seguindo as pisadas do Mestre. Até porque muito mais sofreu o Senhor Jesus, quando esteve na terra para remir a sua igreja amada.

OS VOSSOS CORAÇÕES. Isso fala do homem interior e do “ser” essencial do ser humano, que neste caso, vinha sofrendo muitas reações negativas, por conta das perseguições que a igreja de Cristo vinha passando naquele tempo. O Senhor Jesus quando esteve cumprindo o seu ministério entre os seus apóstolos fez grandes e preciosas promessas, que deviam servir de âncora, a fim de fortalecer seus seguidores, apontando para uma vida melhor, na Nova Jerusalém, morada futura dos remidos.

PORQUE JÁ A VINDA. Mesmo que os filhos de Deus tivessem que enfrentar os ataques dos judaizantes, confrontar os falsos ensinos dos gnósticos e dos líderes das seitas heréticas, mesmo que fossem perseguidos, presos e até mortos pelo império romano, deviam manter seus corações fortalecidos e a fé firme, porque a vinda de Cristo para buscar a sua igreja era dada por certa, porque essa foi a sua promessa.

DO SENHOR. O Messias de Deus trazia consigo o direito de ser “Senhor” de tudo e de todos, até porque ele era o filho de Davi, e como tal era Rei de Israel. O profeta Daniel 7:14 já vaticinava a respeito do governo e do domínio que o Cristo de Deus exerceria sobre todo o mundo. E o Novo Testamento esta repleto de referências bíblicas descrevendo sobre o Senhorio de Cristo e de como ele se tornou “o Senhor”.

ESTÁ PRÓXIMA. A vinda de Cristo, o Senhor, está próxima. Os escritores do Novo Testamento (e acredita-se que este era o pensamento da época) não cogitavam sobre o hiato de tempo que haveria entre a ascensão de Cristo e a sua vinda para arrebatar a sua igreja. Nos dias de hoje, esta frase está dentro da realidade do tempo e das profecias escatológicas.

Tiago 5:7

Tiago 5:7 - Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.

SEDE POIS, IRMÃOS, PACIENTES. O autor começa uma nova secção de sua epístola falando sobre o modo paciente com que os irmãos devem aguardar a volta de Cristo Jesus para buscar a sua igreja, que ele comprou e remiu com o seu sacrifício de amor. Ser paciente é ter a calma serena da alma para esperar as coisas acontecerem no tempo determinado por Deus. Somos todos irmãos em Adão e Eva, os judeus em Abraão Isaque e Jacó, e os cristãos em Cristo Jesus, conforme João 1:11-12 nos ensina.

ATÉ A VINDA DO SENHOR. A igreja primitiva não fazia distinção de tempo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo, até porque os seguidores do Senhor Jesus do primeiro século da era cristã pensavam que Cristo viria já naquele mesmo tempo, eles não imaginavam de que haveria um hiato de tempo, como já tem acontecido desde que Jesus subiu ao céu. A preocupação do escritor era para que os irmãos não se desviassem do evangelho, mas esperassem a volta de Cristo para o arrebatamento.

EIS QUE O LAVRADOR. Em si tratando de uma linguagem bem comum ao homem do campo, neste caso, “lavrador” é aquele que vive das atividades agrícolas, o homem da roça, que prepara o terreno, espera dar as primeiras chuvas, faz a plantação, limpa às ervas daninhas, cuida do legume e das plantações, depois faz a colheita e armazena os frutos colhidos. No entanto, em João 15:1, Deus é que é o lavrador, que só está esperando o tempo certo para colher os frutos da terra por meio do arrebatamento.

ESPERA O PRECIOSO FRUTO. O lavrador sabe que tem que cumprir todas as etapas de uma plantação, desde a preparação do terreno, até ter em seus celeiros todos os frutos colhidos de suas plantações, e para tanto, ele tem que esperar o tempo certo para começar a colher o resultado do seu trabalho. Muito mais, o Deus Onisciente, ele que sabe de todas as coisas, vem acompanhando o crescimento e o desenvolvimento da igreja de Cristo, por isso que, Cristo só voltará no tempo de Deus.

DA TERRA. Quando se diz que o fruto da terra era precioso para o lavrador é porque nos tempos mais antigos, a agricultura era o principal meio de vida da sociedade. Até nos dias de hoje, as populações das grandes metrópoles dependem do que é produzido no campo. No caso do precioso fruto da terra para Deus, diz respeito aos salvos e remidos de Cristo, que participarão do arrebatamento da igreja comprada.

AGUARDANDO-O COM PACIÊNCIA. O lavrador não tem como colher os frutos da sua lavoura sem cumprir com as etapas determinadas, para tanto ele usa a paciência. No caso de Deus e a igreja, o evangelho nos fala que tem que completar o número dos salvos para que o Senhor volte e venha a arrebatar o povo que ele remiu na expiação.

ATÉ QUE RECEBA A CHUVA TEMPORÃ E SERÔDIA. Mesmo que o lavrador ou agricultor tenha preparado o terreno, ele precisa esperar a chegada da chuva que vem na estação própria, além das chuvas que continuam regando as terras, também chamada de chuva serôdia. O Espírito santo esta preparando a igreja para o arrebatamento.

Tiago 5:5-6

Tiago 5:5-6 - Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança. Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu.

DELICIOSAMENTE VIVESTES. O versículo cinco dá continuidade ao tópico de exortações contra os ricos opressores, que para enriquecerem de forma ilícita e injusta, exploravam os pobres trabalhadores em suas grandes fazendas, seja como jornaleiros ou como escravos. E para que os ricos opressores exploravam os pobres trabalhadores? Para viverem regaladamente todos os dias de suas vidas. Os mais afortunados economicamente vivem se banqueteando a custa de suas vítimas.

SOBRE A TERRA. Os trabalhadores e os mais pobres da sociedade não tem uma vida nada fácil, porque precisam matar um leão todos os dias para sobreviverem. Mas, aqueles que têm grandes lucros com suas atividades econômicas, e com isso se tornam ricos, tem uma vida abastarda e de regalias, sem dificuldades financeiras e tudo que precisam tem dinheiro para comprar. A sociedade esta dividida em dois grupos distintos, os pobres trabalhadores e os ricos que buscam explorar o proletariado.

E VOS DELEITASTES. Por conta da abundância de recursos financeiros e pelas facilidades que o dinheiro proporciona, os ricos vivem no seu deleite de cada dia, usufruindo dos banquetes e das festas que lhes são favoráveis. A bebedeira é o que não falta, com festas regadas dos manjares mais apetitosos que se possam imaginar. Sem falar nos casos recorrentes de promiscuidades pela prática desordenada da sexualidade e da prostituição. Os prazeres carnais e o pecado é o que predomina.

CEVASTES OS VOSSOS CORAÇÕES, COMO NO DIA DE MATANÇA. O autor usa uma figura de linguagem para descrever o quanto os ricos opressores dão valor aos seus banquetes e festividades profanas. As festas dos fazendeiros e latifundiários eram antecedidas pela matança de bois cevados, porcos gordos, cabritos e ovelhas e outros tipos de animais, muitas aves como galinhas, patos, gansos e etc. Com isso, o apóstolo acusa também os ricos fazendeiros do pecado desenfreado da gula e da comilança.

CONDENASTES E MATASTES. O apóstolo termina esta secção de exortações severas contra os ricos opressores, lhes fazendo mais acusações graves, como o assassinato dos inocentes, as injustiças praticadas e o seu ódio contra os justos da terra. Quem tinha dinheiro também tinha poder para subornar os tribunais e condenar os pobres e trabalhadores. Em geral, a condenação dos mais pobres tinha como pena, a morte.

O JUSTO. Este “justo”, sobre o qual o autor se refere, não diz respeito a um termo religioso tal qual era denominado pela lei de Moisés ou pelo evangelho. Mas diz respeito aos inocentes, que eram condenados injustamente nos tribunais, e que pagavam com a própria vida, mesmo sendo inocentes, onde a justiça era injusta.

ELE NÃO VOS RESISTIU. Não se sabe se o escritor tinha em mente algum caso específico quando escreveu esta frase. O que podemos dizer é que a justiça deixa de ser imparcial, quando de um lado tem um homem pobre e do outro tem um homem rico e poderoso. A Escritura afirma que, aqui na terra, o dinheiro por tudo responde.

Tiago 5:4

Tiago 5:4 - Eis que o salário dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos.

EIS QUE O SALÁRIO DOS TRABALHADORES. Como esta epístola estava sendo enviada para os judeus da dispersão, eles sabiam muito bem os estatutos estabelecidos por Moisés em sua legislação sobre a paga das diárias dos trabalhadores. A ordem era de que ao final de cada dia de trabalho, os diaristas recebessem o pagamento pelo seu serviço prestado. Os costumes da época eram diferentes dos dias de hoje, porque a lei da sobrevivência era difícil, e os mais pobres precisavam do pão de cada dia.

QUE CEIFAM. Naquele tempo, a maior parte das atividades econômicas se concentrava nos trabalhos rurais da agricultura e no campo. A palavra “ceifar” neste contexto, resume todas as atividades agrícolas do homem do campo com os seus trabalhadores. De forma que, para que os grandes latifundiários pudessem executar suas atividades lucrativas com a agricultura, eles contavam com a mão de obra dos trabalhadores diaristas, que eram aqueles contratados pela jornada de um dia apenas.

AS VOSSAS TERRAS. O autor termina por revelar nesta frase quem eram os ricos opressores que ele vinha atacando nas seções anteriores de sua epístola, que eram justamente os grandes donos de propriedades rurais, o que nos dias de hoje, são chamados de grande latifundiários ou fazendeiros. Naquele tempo, a produção agrícola tinha uma importância fundamental na sobrevivência da população e era dela que as famílias tiravam seu sustento, com a mão de obra dos seus chefes de família.

E QUE POR VÓS FOI DIMINUÍDO. O capitalismo gera nas pessoas o sentimento da ganância, que por sua vez, conduz suas vítimas a um vazio onde suas medidas do ter nunca enchem. Os ricos proprietários de terra para obterem mais lucros com os seus negócios injustos, diminuíam os salários dos trabalhadores para ganharem mais dinheiro. Sem falar no trabalho escravo, que nesta mesma época era coisa comum, em que os servos trabalhavam apenas pela comida e dormida nas grandes fazendas.

CLAMA, E OS CLAMORES DOS QUE CEIFAM. Este tipo de injustiça praticada pelos latifundiários contra os trabalhadores se transformava em um tipo de eco ou clamor em forma de gemidos da alma pelo sofrimento dos mais pobres. Certamente, os trabalhos forçados e a exploração da mão de obra, pelos ricos opressores, era algo que fazia com que os pobres assalariados chorassem e lamentassem pelos esforços não recompensados de forma justa. O autor estava combatendo o trabalho escravo.

ENTRARAM NOS OUVIDOS. Nada do que se passa na terra fica fora do alcance do conhecimento do Todo-poderoso, e por meio da sua Onipresença e Onisciência, ele esta acompanhando de perto todas as injustiças praticadas pelos homens.

DO SENHOR DOS EXÉRCITOS. Deus é Senhor tanto dos ricos quanto dos pobres trabalhadores. E a palavra de Deus nos ensina de que o Senhor é o defensor dos injustiçados. A expressão “Senhor dos Exércitos” se refere a Deus como o comandante das miríades celestiais, isso porque os seus anjos são incontáveis.